
Quando Samuel nasceu, tudo parecia perfeito. Ele foi um bebê sorridente, calmo,
daqueles que não choravam sem motivo. Engatinhou no tempo dele, lá pelos sete ou oito meses, e deu seus primeiros passos com um ano e um mês. Parecia estar seguindo seu próprio ritmo. Mas, conforme o tempo passava, algo começou a nos inquietar. Samuel não falava. Ele não apontava para o que queria, não pedia água, comida ou brinquedos. Ao invés disso, vivíamos tentando adivinhar suas vontades. Ele não expressava com palavras ou gestos. Levamos essa preocupação ao pediatra, e ouvimos as frases que tentavam acalmar: — Até os dois anos é normal. Cada criança tem seu tempo. Mas o tempo passou, e Samuel continuava sem falar. Começamos a notar comportamentos diferentes. Ele não olhava nos olhos, alinhava objetos e não respondia a estímulos simples. Antes de nos mudarmos para o Japão, levamos Samuel a um neuropediatra. Após uma breve observação, ele nos disse: — Seu filho tem traços claros de autismo. Foi um baque. Choramos, mas sabíamos que precisávamos seguir em frente. Ao chegarmos no Japão, o diagnóstico foi confirmado. A partir daquele momento, a dor deu lugar à luta por um futuro melhor para Samuel.